Uma coisa é certa: temos que ser nós a adaptarmo-nos ao mundo. O mundo não espera por Portugal.
Na Europa, em geral, e em Portugal, a globalização assusta. Sente-se um mal-estar geral e um grande receio em relação ao futuro. Um pouco por todo o lado, ouve-se apelos a um maior proteccionismo, como a melhor solução para os problemas que o mundo nos causa. É fundamental combater esta reacção. O proteccionismo levará a Europa, e Portugal, para a pobreza. A globalização deve ser vista como uma oportunidade e não como uma ameaça. Sem excepção, todos os estudos sobre a globalização e a Europa, feitos nos últimos dois anos, demonstram que uma vasta maioria de europeus está a beneficiar da globalização.
Chegamos assim a Portugal. Infelizmente, o nosso país é um dos menos preparados da União Europeia para lidar, com sucesso, com a globalização. É o terceiro pior preparado dos “Quinze”, à frente da Itália e da Grécia, e quatro dos novos Estados-Membros, a Lituânia, a Eslovénia, a República Checa e a Estónia, já estão à frente de Portugal. Mais grave, se as actuais tendências se manterem, a nossa situação irá piorar e não melhorar. Por exemplo, entre os “Quinze”, Portugal é o país que perde mais emprego devido aos efeitos da globalização, cerca de 25% do desemprego. À excepção da Irlanda, com valores semelhantes aos portugueses, os restantes têm valores abaixo dos 7%.
Como conclui qualquer dos vários estudos recentemente publicados, Portugal precisa de profundas reformas estruturais, na educação, na justiça, nas áreas fiscais e laborais, na inovação social, para aproveitar as oportunidades abertas pela economia global. Em termos muito simples, é necessário criar um sistema económico e social adequado à globalização. Continuamos a viver hoje com um sistema ‘pré-globalização’. Uma coisa é certa: temos que ser nós a adaptarmo-nos ao mundo. O mundo não espera por Portugal.
Na semana passada, o grupo “Compromisso Portugal” apresentou um documento interessante onde avalia o governo, um exercício necessário num país onde o escrutínio político é escasso. Seria, no entanto, importante ir mais longe e apresentar propostas de políticas públicas que ajudem a reformar o país e a prepará-lo para a globalização. Como diz o documento, é necessário um novo paradigma para o país. Mas este é apenas o ponto de partida. O que interessa agora é desenvolver esse paradigma. Mas para isso, é preciso fazer estudos a sério e investir em novas ideias.