quinta-feira, 7 de junho de 2012

Globalização em Portugal e no mundo




Uma coisa é certa: temos que ser nós a adaptarmo-nos ao mundo. O mundo não espera por Portugal.

          Na Europa, em geral, e em Portugal, a globalização assusta. Sente-se um mal-estar geral e um grande receio em relação ao futuro. Um pouco por todo o lado, ouve-se apelos a um maior proteccionismo, como a melhor solução para os problemas que o mundo nos causa. É fundamental combater esta reacção. O proteccionismo levará a Europa, e Portugal, para a pobreza. A globalização deve ser vista como uma oportunidade e não como uma ameaça. Sem excepção, todos os estudos sobre a globalização e a Europa, feitos nos últimos dois anos, demonstram que uma vasta maioria de europeus está a beneficiar da globalização.

          Chegamos assim a Portugal. Infelizmente, o nosso país é um dos menos preparados da União Europeia para lidar, com sucesso, com a globalização. É o terceiro pior preparado dos “Quinze”, à frente da Itália e da Grécia, e quatro dos novos Estados-Membros, a Lituânia, a Eslovénia, a República Checa e a Estónia, já estão à frente de Portugal. Mais grave, se as actuais tendências se manterem, a nossa situação irá piorar e não melhorar. Por exemplo, entre os “Quinze”, Portugal é o país que perde mais emprego devido aos efeitos da globalização, cerca de 25% do desemprego. À excepção da Irlanda, com valores semelhantes aos portugueses, os restantes têm valores abaixo dos 7%.

          Como conclui qualquer dos vários estudos recentemente publicados, Portugal precisa de profundas reformas estruturais, na educação, na justiça, nas áreas fiscais e laborais, na inovação social, para aproveitar as oportunidades abertas pela economia global. Em termos muito simples, é necessário criar um sistema económico e social adequado à globalização. Continuamos a viver hoje com um sistema ‘pré-globalização’. Uma coisa é certa: temos que ser nós a adaptarmo-nos ao mundo. O mundo não espera por Portugal.
          Na semana passada, o grupo “Compromisso Portugal” apresentou um documento interessante onde avalia o governo, um exercício necessário num país onde o escrutínio político é escasso. Seria, no entanto, importante ir mais longe e apresentar propostas de políticas públicas que ajudem a reformar o país e a prepará-lo para a globalização. Como diz o documento, é necessário um novo paradigma para o país. Mas este é apenas o ponto de partida. O que interessa agora é desenvolver esse paradigma. Mas para isso, é preciso fazer estudos a sério e investir em novas ideias.

FMI e Portugal


Os quatro SES do FMI
O estado do país é como um baralho de cartas, um pouco mais de vento e poderá fazer cair todo o castelo. Pelo menos é assim que o Fundo Monetário Internacional olha para os próximos tempos.
E defende que mais austeridade só aumentará a tempestade no país: quer económica, quer social ou política.
Na última revisão ao Memorando de entendimento, o FMI avisa que, apesar de o programa estar a ser cumprido, há quatro riscos que poderão pôr em causa todo o trabalho. Primeiro, os peritos internacionais dizem que a recessão pode ser maior que o esperado. O ajustamento da economia vai tomando forma e o ambiente externo, “possivelmente mais fraco”, vai intervindo nas contas nacionais através, por exemplo, da redução do consumo. Em segundo lugar, o FMI lembra a missão quase impossível do governo: “A pura dimensão do ajustamento aumenta os riscos de implementação”, escrevem os peritos. Ou seja, são muitas medidas ao mesmo tempo e sobre vários assuntos.
E como não há duas sem três, nem três sem quatro, o FMI diz ainda que há o perigo de um crescimento das responsabilidades financeiras dos privados, a tal ponto que isso se reflectiria na banca nacional e por consequência nas contas do Estado, que teria de assistir esses bancos. E por fim lembra ainda que o processo de crescimento da economia é lento e que a estratégia de “desvalorização interna” de salários e preços pode demorar mais tempo do que o esperado.
A combinação destes riscos pode dar origem a uma recessão em espiral e, “pior ainda”, lembra o FMI, a insistência em mais austeridade pode incendiar o apoio social e político ao programa. Este problema não vem só do exterior – a oposição, principalmente o PS, e os parceiros sociais – como de dentro da própria coligação PSD/CDS.

 
A União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) deram hoje (4) o sinal verde ao governo de Portugal para receber a quinta parcela do plano de ajuda financeira. Segundo autoridades do sector, Portugal atendeu às expectativas da UE e do FMI na contenção de gastos e austeridade interna. As medidas adoptadas por Portugal levarão o país a investir nos fundos de três instituições bancárias
O FMI e a UE confirmaram hoje que será repassada a Portugal a quinta parcela da ajuda internacional, cujo valor total é 78 bilhões de euros. A missão de técnicos que examinou as contas públicas portuguesas, na quarta avaliação trimestral sobre a aplicação do plano de rigor, liberou o pagamento da parcela de 4,1 bilhões de euros.
O ministro das Finanças de Portugal, Vítor Gaspar, disse que apesar do agravamento da situação externa devido ao impacto da crise económica internacional, o governo português conseguiu cumprir as metas fixadas e deve fechar o ano com deficit público em 4,5% do seu Produto Interno Bruto (PIB).
No entanto, as medidas de austeridade adoptadas pelo governo de Portugal levaram o país a entrar em um processo de recessão. A previsão dos analistas é que a economia portuguesa caia  3% ao longo do ano. Mas a previsão é que Portugal volte a crescer em 2013 pelo menos 0,2%.
O governo de Portugal anunciou ainda que vai  injectar 6,65 bilhões de euros em três instituições bancárias: o Banco Comercial Português, o Banco Português de Investimentos, ambos privados, além do banco estatal Caixa Geral de Depósitos. A ajuda faz parte do programa já previsto de adaptação dessas instituições financeiras às reservas de capital exigidas pela Autoridade Bancária Europeia.

A economia do futebol


A economia do futebol
               À parte da paixão em volta do futebol, existe uma economia onde se movimentam milhões de euros, este dinheiro paga despesas com jogadores, construções de estádios, e a toda a gestão dos clubes. Paga também acesso a actividades sociais, em particular para crianças, que aparentemente, sem os lucros gerados pela equipa de futebol não poderiam ser prestados.

                Aqui está talvez um dos pontos que desconheço da economia do futebol. Qual a importância e o beneficio que os clubes nos trazem, face ao volume de capital que movimentam? Custa-me a acreditar que só com o suporte de uma grande equipa podem ser fornecidos equipamentos para a prática de desporto acessíveis a todos, mas é sem duvida uma óptima opção no que toca a investimento social dos clubes.

                À parte das benesses sociais que o futebol traz, das quais me limitei a nomear o desporto para crianças, quem são os principais beneficiários desta movimentação de capital? os clubes não apresentam grande crescimento de riqueza para além para além da melhoria de equipamentos ou aquisição de património. Pagam impostos como os outros contribuintes e utilizam os lucros para investir na melhoria dos serviços que prestam. tudo isto no devido respeito e cumprimento da lei, claro está! Os exemplos desviantes deste comportamento não têm claramente lugar no benefício social que pretendo encontrar no futebol.

                As receitas dos clubes, pagas as despesas de infra-estruturas, impostos e as actividades sociais que promovem, pagam os salários daqueles que ocupam as suas vidas a trabalhar para a subsistência e desenvolvimentos das actividades que promovem.

                Sendo os impostos e as despesas em infra-estruturas ditados por factores de decisão políticos, isto é, que dependem de decisões políticas do estado ou dos clubes, julgo ser a distribuição das receitas entre salários e investimento social um dos aspectos mais importantes da economia no futebol. Onde é gasto o dinheiro que sobra?

                Existem, no meu entender, duas tabelas salariais distintas nos clubes: uma para atletas e outra para funcionários. A dos funcionários imagino em tudo semelhante às de uma instituição publica ou privada com ou sem fins lucrativos, salários fixos de acordo com a posição hierárquica ocupada. Já a dos atletas é associada ao desempenho das suas funções e ao benefício que potenciam para o clube.

                Não sendo estas últimas características associadas exclusivamente à contracção de atletas, pois para os restantes cargos também são exigidos graus de competência para o bom desempenho do clube, é nos atletas que as assimetrias mais se fazem sentir. Um atleta de badmington não atrai tanto capital como o principal guarda-redes da equipa de futebol assim. Julgo ser isto uma justificação para o investimento feito na equipa de futebol ser proporcional ao volume de receita gerado.

                Vejamos as receitas dos clubes: num artigo publicado no Público de 9 de Fevereiro de 2007 são nomeadas como principais fontes de receita dos clubes:
- a participação em competições internacionais;
- os direitos televisivos e patrocínios;
- as receitas dos jogos;
- contratos exclusivos;
- e a quotização dos sócios.
Quase todas elas directamente ligadas ao futebol.

                O futebol além do entretenimento, das paixões e da capacidade de promoção do desporto diferencia-se de outras modalidades pelo capital que movimenta. Perdoem-me a má utilização de termos económicos menos correctos, mas entendo que movimenta pois as receitas são distribuídas pelos custos, que por sua vez geram receita e assim alimentam uma economia.

                Sendo os principais intervenientes nesta economia, os jogadores e respectiva equipa técnica, é também neles que há maior investimento. Julgo importante realçar que este investimento retira capacidade de empreender mais intervenção social, que aparentemente necessitas das receitas dos clubes por não terem capacidade de gerar receitas elas próprias.

                Assim um jogador de uma grande equipa de futebol têm o potencial de promover não só o desporto, o seu clube, mas influencia em grande parte a capacidade de empreendimento social do seu clube. Sem duvida este mérito deve ser recompensado, mas tanto?

Desemprego em Portugal


No final de Março, existiam 819,3 mil desempregados em Portugal.
A taxa de desemprego em Portugal subiu para 14,9% no primeiro trimestre de 2012, um novo máximo histórico, traduzindo um aumento de 2,5 pontos percentuais face ao trimestre homólogo. Foi a subida trimestral mais acentuada de que há memória, reflexo da recessão económica provocada pelas medidas de austeridade que estão a ser aplicadas no país, em troca de um resgate de 78 mil milhões de euros.
Segundo as estatísticas do Inquérito ao Emprego relativas ao primeiro trimestre de 2012, o número de pessoas sem trabalho atingiu os 819,3 mil, o que representa um acréscimo de 0,9% face ao trimestre anterior.
O INE explica que para este resultado contribuíram, fundamentalmente, seis situações: "a diminuição de 130,6 mil empregados do sexo masculino, que explicou 64,2% da variação ocorrida no emprego total; a diminuição de 135,8 mil empregados dos 15 aos 34 anos, que explicou 66,7% da variação ocorrida no emprego total; a diminuição de 276,1 mil empregados com nível de escolaridade completo correspondente, no máximo, ao 3º ciclo do ensino básico; a diminuição de 102,1 mil empregados no sector dos serviços e de 91,0 mil empregados no sector da indústria, construção, energia e água; A diminuição de 152,1 mil trabalhadores por conta de outrem, dos quais 106,5 mil tinham um contrato de trabalho com termo; e por último a diminuição de 204,4 mil trabalhadores a tempo completo.
            Nas suas previsões mais recentes, o Governo apontou para uma taxa de 14,5% em 2012. No entanto, está a ser feita uma revisão dos métodos de previsão e deverão ser apresentadas novas projecções no início do próximo mês.

Aprofundando um pouco mais a situação da Grécia...

          Se a Grécia for forçada a sair da moeda única, a zona euro jamais sobreviverá a este choque. O que até agora foi uma união monetária dará lugar a uma área de moeda única desregrada. A acontecer, prevejo uma fuga massiva do investimento estrangeiro, uma contracção no crédito e uma forte queda sustentada no produto económico. A zona euro jamais sobreviverá a este choque. Mas não só. As consequências de uma saída serão igualmente catastróficas para a Grécia.
Uma união orçamental pressupõe seguir o caminho oposto. No entanto, se o objectivo é salvar a zona euro, é preciso que esse caminho, esse compromisso, englobe os quatro elementos seguintes. Nem todos têm de ser implementados imediatamente, mas é imperativo que os líderes da zona euro os subscrevam de forma cabal.
          Primeiro, é necessário instituir um sistema de garantia de depósitos que assegure inequivocamente que os depósitos serão liquidados em euros, mesmo que o país anfitrião saia da zona euro.
          Segundo, é preciso constituir uma Resolution Trust Corporation (RTC) financiada pela zona euro para forçar a recapitalização dos bancos - isto sem um veto nacional. É fundamental que abarque todos os bancos e não apenas os maiores, na medida em que os mais vulneráveis operam no segundo mercado, como é o caso do espanhol Bankia. À confiança deve igualmente associar-se uma maior centralização da regulação e supervisão bancárias.
          Terceiro, é fundamental criar um modelo de ‘eurobonds' que possa cobrir grande parte das dívidas novas e pendentes. Idealmente, a nova união orçamental também deverá ter poderes regulatórios sobre o trabalho e os mercados do produto.
          Quarto, impõe-se uma mudança ao nível do mandato do Banco Central Europeu (BCE), no sentido de incluir responsabilidades específicas relacionadas com a estabilidade financeira, bem como tornar explícito que o BCE não enfrenta quaisquer restrições na gestão das operações no mercado secundário no exercício do seu novo mandato.
          O primeiro e o segundo ponto exigem legislação, mas não implicam qualquer alteração aos tratados europeus, embora tenham de ser implementados imediatamente. Em relação aos pontos três e quatro bastaria assumir um compromisso firme num primeiro momento para, depois, começar a introduzir as alterações, isto porque é um processo que leva tempo.

Grécia e as consequências para Portugal e o resto da União Europeia


Outro dos temas que tem assombrado a economia nacional e europeia é a situação da Grécia e de Portugal no mundo e na União Europeia.

É verdade que Portugal está a sofrer o impacto de fenómenos externos. O abrandamento da retoma económica por toda a Europa tem consequências em Portugal, como tem também a incerteza quanto à resposta à crise, até pela situação na Grécia. A aprovação de um segundo resgate à Grécia vai ter um resultado positivo para todos os países vulneráveis da Zona Euro mas a Grécia não parece estar a cumprir os requisitos para o obter.

O Parlamento de Atenas votou a favor do novo plano de austeridade exigido pela troika, apesar da revolta expressa pelos milhares de manifestantes, que deixavam a capital irreconhecível. O documento foi aprovado por maioria de votos, mas será suficiente? E Portugal poderá ser arrastado para um caminho semelhante?

Eu acho que nós podemos ter de renegociar o nosso programa não por causa da Grécia mas devido à conjuntura interna. O primeiro pacote de resgate não chega para o país. Um reajustamento acabará por ser necessário se virá com mais medidas de austeridade ou não, não sei, e até nem sei se será necessário, uma vez que Portugal está a ser cumpridor, mas nunca se sabe o que a União Europeia decide. O problema da Grécia pode dificultar a negociar a dívida portuguesa. Cada vez que alguma coisa corre mal na Grécia, corre mal nos mercados. O impasse na negociação grega pode influenciar a subida das taxas de juro em Portugal como já se tem visto ultimamente.

Se a Grécia saísse do euro, as consequências seriam "catastróficas" e abriria "um precedente” para que outros países abandonassem a moeda única. Seria sempre "uma saída desordenada”: Uma saída ordenada implica um tempo de negociação que os mercados não vão dar [à Grécia]. A partir do momento em que um país entra em negociações para sair da Zona Euro, o que vai acontecer é uma corrida aos bancos.

Em primeiro lugar, "as pessoas ficam impedidas de ir aos bancos levantar as suas economias". Depois, a transição do euro para o dracma vai demorar, porque "não se consegue criar uma nova moeda com uma varinha mágica", o que significa que "vai haver racionamento".

Pingo Doce e o dumping

Vou aproveitar este espaço para falar acerca de alguns temas da atualidade, relacionados com a economia (nacional e internacional).

Pingo Doce e o dumping
Começo por falar do “caso Pingo Doce”. Houve ou não prática de dumping? Não terá sido isto apenas um pretexto para desvalorizar e descaracterizar a enorme manobra de marketing que o Pingo Doce fez?
Houve prática de dumping sim, mas foi em 3 (!) produtos e em quantidades incrivelmente mínimas em comparação com o que foi vendido, ou seja, a Jerónimo Martins, dona do Pingo Doce, poderá ter de pagar 30 mil euros.
A pergunta é: Quem paga a promoção de 50% feita pelo Pingo Doce? Jerónimo Martins? O Soares dos Santos? Não, são os fornecedores que vão patrocinar esta promoção mas o lucro de 11 milhões vai para o grupo Jerónimo Martins.
Se isto já não bastava, agora, o Pingo Doce está a tentar negociar cláusulas adicionais aos seus contratos com empresas de lacticínios para as obrigar a «contribuírem» para as suas campanhas promocionais. Trata-se de «obter contrapartidas em termos de descontos para fazer face aos próprios descontos ao consumidor. Foi uma grande manobra do grupo Jerónimo Martins que conseguiu um lucro de 11 milhões e sabe-se que o Pingo Doce é apenas uma percentagem mínima do grupo.